sábado, 13 de outubro de 2007

O cabelo de fogo - parte 3


NUNES NA SELEÇÃO
A menos de três meses para o ínicio da Copa-78, na Argentina, Cláudio Coutinho, técnico do escrete canarinho, divulgou a lista dos convocados para os amistosos preparativos do Mundial. Entre os 21 nomes estava Nunes. O anúncio, feito na sede da CBD (hoje CBF), às 13 horas, no ínicio de março, gerou comoção nacional e o atacante tricolor foi considerado uma surpresa. A imprensa carioca pedia Roberto (Dinamite), apesar da má fase e de ter marcado apenas 7 gols no Brasileiro. Serginho (Chulapa) era a aposta dos jornalistas paulistas, mas o atacante dependia de um julgamento decorrente da indisciplina do jogador que, ao contrário do atacante do Vasco, passava por bom momento e viria a ser campeão Brasileiro pelo São Paulo. A unanimidade era Reinaldo do Atlético-MG.


Lista anunciada, a torcida e a mídia esportiva aguardavam pelos amistosos contra combinados, clubes e seleções européias. Reinaldo era o centroavante titular, enqüanto Nunes ia entrando no decorrer dos jogos e deixando os seus golzinhos. Até que, mais uma vez substituindo Reinaldo, Nunes marcou o único tento da vitória brasileira frente a Alemanha Ocidental, atual campeã do mundo, em Hamburgo. A partir daí, o Cabelo de Fogo assumiu a posição de Reinaldo que já vinha sendo perseguido pelas constantes contusões. Nunes também deixou sua marca em amistosos contra a Internazionale, de Milão, e o Atlético, de Madri. No dia 13/05/78, a 21 dias da estréia na Copa do Mundo,num amistoso da Seleção Brasileira contra a Seleção Pernambucana, Nunes atuaria pela última vez pelo Brasil (e como jogador do Santa) antes de ser cortado.


A justificativa era médica, porém os tricolores não engolem essa história até hoje. O médico Lídio toledo (o mesmo do caso Ronaldo na Copa-98) é o acusado pela torcida. Comenta-se que ele teria apertado o gesso no tornozelo de Nunes mais do que devia. O fato é que Roberto substituiu o Cabelo de Fogo, atendendo aos apelos da imprensa carioca, já revoltada com a não convocação de Paulo César (Caju) do Botafogo. Os números, no entanto, credenciavam o atacante tricolor, que marcou no Brasileiro de 77 (com fim em março de 78) o dobro de gols do atacante vascaíno, 14x7, fechando na terceira colocação da tábua de artilheiros, atrás apenas de Reinaldo e Serginho. Na Bola de Prata da Placar, o centroavante Nunes também ficou em terceiro, novamente perdendo somente para Reinaldo e Serginho, enqüanto que Roberto foi o décimo primeiro melhor centroavante do campeonato. No fim das contas, Reinaldo não agüentou a dor nos meniscos e Roberto não o substituiu à altura. Nunes, dito pela Revista Placar "nosso melhor centroavante, sem discussão", voltava a jogar pelo Santa no dia 10/06, contra o Fluminense, já pelo Brasileiro de 78, apenas dois depois do segundo do jogo do Brasil na Copa, um empate por 0x0 diante da Espanha. Além disso, depois da eliminação brasileira da Copa que culminou no primeiro título mundial da Seleção argentinha, Cláudio Coutinho disse que o Brasil foi o campeão moral, por sair invicto, e muitos tricolores se viraram contra a Seleção. Esse é só mais um episódio mal explicado envolvendo a seleção da CBF.




"Nunes é para o Santa o que Pelé foi para o Santos."


Rodolfo Aguiar, presidente do Santa Cruz no biênio 79/80.





Um comentário:

Anônimo disse...

Marcos,
Percebi no seu esforço um resgate de memória imprescindível sobre o futebol pernambucano. Raro ver um jovem com sua disposição para empreitada tão importante. Sou professor de jornalismo no Rio de Janeiro e estou finalizando, com minha equipe, o livro "Ídolos-Dicionário dos Craques do futebol brasileiro, de 1900 aos nossos dias". Caso possa nos ajudar, precisarei de sua colaboração com informações sobre outros craques mais antigos do Santa Cruz - inclusive imagens deles. Seriam Pitota, Tiano, Lacraia, Sidinho, Siduca, Tará [irmão de Orlando Pingo de Ouro]...
Meu contato é afmlima@yahoo.com.br
Parabéns e grande abraço,
André Felipe Lima