segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O príncipe - parte 1

ALDEMAR

Aldemar dos Santos

07/11/31, Rio de Janeiro (RJ)

Posição: centro-médio (zagueiro)

Clubes: Vasco (1951-54), Santa Cruz (1954-58), Palmeiras (1959-64), América-MG (1964-?) e Guarani (1966).

Títulos: Torneio Pernambuco-Bahia - 1956, Supercampeão Pernambucano - 1957, Supercampeão Paulista - 1959, Taça Brasil - 1960, Campeão Paulista - 1963, Campeão da Taça do Atlântico e da Copa Rocca - 1960 (esses pela Seleção Brasileira).

Marcas: #Foi considerado, não apenas pela imprensa, mas pelo próprio rei do futebol, como um dos melhores marcadores de Pelé. Na decisão do supercampeonato paulista de 59, Palmeiras e Santos fizeram a final e Aldemar tinha a ingrata missão de marcar o camisa 10 santista. Os elogios de Pelé a Aldemar após o título palmeirense e à atuação destacada do zagueiro foram inevitáveis.

#Aldemar atuou quatro vezes pela Seleção Brasileira, tendo três vitórias e uma derrota. Sua estréia no Brasil aconteceu em 29 de maio de 1960, na vitória por 4x1 diante da Argentina, pela Copa Rocca. E a última partida vestindo a "amarelinha" foi no dia 29 de junho do ano seguinte, num amistoso, no Maracanã, Brasil 3x2 Paraguai. Pela Seleção Pernambucana disputou o campeonato brasileiro de 1956 (quase todo jogado em 57), quando Pernambuco terminou na quarta colocação. Dos onze jogos do time pernambucano Aldemar esteve presente em seis.


Características: Era conhecido por seu futebol elegante, as passadas longas e a inteligência. Além de um ótimo e hábil marcador, tinha bom porte físico e um grande espírito de liderança. Jogador de categoria refinada.


Estréia pelo Santa: 11/06/1954 -Santa Cruz 2 x 1 Botafogo-PB. Com a colaboração do pesquisador Carlos Celso Cordeiro segue a ficha do jogo abaixo:
Data: 11/06/1954
Competição: Amistoso Interestadual. Renda: Cr$ 52.235,00.
Local: Ilha do Retiro; Juiz: Anísio Morgado.
Gols: Tonho (41/1) // Tonho (20/2), Chaves (/2).
Santa Cruz: Neves; Santana e Lucas; Aldemar, Calico e Ananias (Edinho); Jorge de Castro, Tonho, Jaime (Expedito), Mituca (Geraldo) e Tampinha (Milton Lopes). Técnico: Oto Vieira.
Botafogo-PB: Zearmando; Nelson e Kleber; Vavá, Berto e Tita; Nelsinho, Chaves, Pedro Negrinho (Delgado), Dega (Milton) e Elcio.

Curiosidades: #Em 1966, foi contratado pelo Santa para ser técnico. No Recife, nem chegou a se apresentar ao clube porque já sofria de "Amnésia". Desapareceu, até que um ex-jogador amigo o encontrou na rua e o levou para casa. Logo em seguida, ligou para seus irmãos, no Rio de Janeiro, e eles foram buscá-lo em Pernambuco.

# Aldemar não era elegante apenas no campo. Ele chegou a figurar numa lista dos "10+" elaborada pela crônica social do Recife.

Hoje: Faleceu atropelado no Recife em 21/01/77. Depois que foi cortado da Seleção, em 1962, se entregou à bebida e nunca mais foi o mesmo. Em depressão, sofrendo de amnésia e, agora, refém da bebida, sua carreira entrou em decadência e a morte viria anos mais tarde.

O príncipe - parte 2

1957 (Super) - Sidney, Diogo, Aníbal, Aldemar, Edinho e Zequinha; Lanzoninho, Rudimar, Mituca, Faustino e Jorginho.

"A torcida tricolor ficou enlouquecida. Saiu da Ilha para o Arruda em passeata. Por onde passava, ia arrastando mais gente. O torcedor perdido se agarrava à multidão, aderindo a ela como marisco em rochedo. Não teve um bar neste Recife que não ficasse coalhado de gente. E o estoque de cerveja acabou em todos os bares!" Foi dessa forma que o falecido jornalista Givanildo Alves descreveu a reação da torcida do Santa Cruz à conquista do supercampeonato de 1957. Há dez anos sem títulos, o Santa saiu da fila justamente no primeiro supercampeonato realizado e com um time, que na opinião de muitos, foi o melhor da história do clube. Naquele ano, além do título de supercampeão - o oitavo pernambucano do Mais Querido até então -, o Santa Cruz conquistou o troféu dos juvenis e juniores com times que ficaram conhecido como Juventude Transviada, em alusão a um filme de muito sucesso na época. Dois detalhes nos relevam a importância dessa conquista: o público presente na Ilha do Retiro, mais de 35 mil pessoas, o quê equivalia a 8% da população do Recife - hoje, considerando essa porcetagem, seria como se fosse 200 mil pessoas no Arruda; e as composições de Nélson Ferreira e Capiba especialmente feitas para celebrar o título. O campeonato de 57 foi do mais alto nível, com os três grandes investindo pesado. O Náutico trouxe os atacantes Benitez e Edmar, este vindo para substituir o artilheiro e ídolo alvirrubro Ivson. O Sport buscava o tricampeonato com quase o mesmo time do bi, sendo o jovem goleiro Manga a novidade. Já o Santa era recheado de craques como Aníbal, Lanzoninho, Marinho, Faustino, Edinho, Zequinha, que em 62 iria ser campeão mundial com o Brasil e, claro, Aldemar.

Foto: Diario da Noite

Aldemar marca, de pênalti, o segundo gol do Santa, na decisão de 57.

Apelidado de "o príncipe" devido ao seu estilo elegante de jogar, pois roubava a bola com maestria, sem qualquer indício de violência, Aldemar foi o capitão supercampeão e, invariavelmente, o líder de um dos melhores times do tricolor. Não bastasse a segurança na hora de defender, ele ainda marcou um dos gols (de pênalti) na partida que tirou o Santa da fila, 3x2 contra o Sport, na Ilha. No supercampeonato, Aldemar atuou em 18 dos 21 jogos do Santa e anotou oito gols. Na época ficaram famosos os duelos que travava com Naninho, um gaúcho goleador do Sport, mas que geralmente tropeçava na bola quando enfrentava o craque do Santa - mais tarde esses duelos viriam a ser com o rei Pelé. Após se destacar no Santinha, se transferiu, junto com Zequinha, ao Palmeiras para fazer parte da famosa Academia de Ademir da Guia, o Divino. Pouco depois de deixar o Recife, foi convocado pelo técnico Vicente Feola para defender o "scratch"canarinho, mas acabou sendo preterido da disputa da Copa do Mundo de 62, vencida pelo Brasil. Enquanto atuou em Pernambuco, também fez parte da Seleção Pernambucana. Infelizmente, entrou em depressão após a não convocação para a Copa, no Chile, e morreu alguns anos depois. Um ídolo não tão badalado, talvez por ser zagueiro, mas que não perde a majestade, embora não tenha sido rei.


Aldemar está na fila do meio e é o terceiro da esquerda para a direita.Em primeiro plano, o técnico argentino Alfredo Gonzales.




"...E terminamos com a adaptação de um central, Diogo, e Sidnei. Esses dois jogadores eram medianos, mas Zequinha, Aldemar e Edinho eram extraordinários."

Rodolfo Aguiar, presidente do Santa no biênio 79/80, ao Blog do Santinha em 2005.





Fontes: Revista Placar - Santa Cruz, Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio, 85 anos de bola rolando (Givanildo Alves) e sites: Blog do Santinha (http://www.blogdosantinha.com/entrevistas/memoria-em-tres-cores-parte-ii/), Milton Neves (http://www.miltonneves.com.br/qfl/index.asp?id_qfl=1316), Ponto Verde (http://www.pontoverde.com.br/index?click=inst_nossa_historia&page=shop/palmeiras/nossos_craques) e História do Futebol (http://blog.soccerlogos.com.br/?s=Aldemar&submit=%C2%BB).