quarta-feira, 11 de julho de 2007

São Birigüi - parte 2

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Quem poderia imaginar que a derrota para o Bahia por 5x0, na Fonte Nova, do Brasileiro de 81 e que custou a eliminação do Santa, traria algo de bom? O goleiro desse jogo foi o experiente Wendell. Após essa fatídica partida em abril, sua permanência estava próxima do fim. Neste interem, o Guarani, de Campinas, propôs a troca de Birigüi, goleiro do clube campineiro, por Wendell. Começava ali, pouco depois da vergonhosa eliminação de 81, uma história de amor entre o ídolo e a massa coral.

Logo ao chegar no Recife, Birigüi teve de enfrentar uma feroz concorrência pela camisa 1 com Luís Neto. Essa disputa se notabilizaria como uma das melhores e mais leais, até hoje lembrada. Ao contrário do aconselhável, a constante troca não influenciava no rendimento deles, pois quando um se contundia, o outro não largava a posição. A idolatria dos tricolores era tanta, que, em época de renovação de contrato, a torcida pressionava a diretoria para que os dois ficassem no clube. Dessa forma, Birigüi e Luís Neto se revezaram na posição durante quase dez anos.

O primeiro título vestindo o manto coral veio em 83, o tri-super. Mas, nesse campeonato, Luís Neto era o dono da camisa 1. Inclusive consagrando-se como herói do título com a defesa de um pênalti na dramática decisão contra o Náutico. Birigüi se consolidou no time titular, se é que é possível dizer isso, a partir de 85. Os milagres viriam a acontecer no bicampeonato (86/87).


No campeonato de 86, o Santa havia ganhado o 1° Turno, perdido o 2° para o Sport numa goleada de 5x0, que culminou na demissão de Waldemar Carabina (Moisés o substituiu) e decidiu o 3° contra o Central, em Caruaru. O jogo terminou 1x1, e, na decisão por pênaltis, Birigüi pegou o chute de Jorge Vinícius, dando a vantagem para o tricolor na final. A decisão foi em jogo único, na Ilha do Retiro. O Sport tinha Henágio e Luís Carlos, que, no fim das contas, era pouco para atravessar a muralha chamada Birigüi. Ele segurou o 0x0, numa Ilha invadida pelos tricolores. De acordo com Chico Carlos, jornalista do jornal Tablóide Esportivo, “o jogo foi dramático e emocionante, com um herói contagiando todos. Seu nome: Birigüi. Ele foi um caso à parte. Os adjetivos para sua exibição não caberiam neste comentário”. Nesse campeonato, ele foi titular em 16 partidas (Luís Neto nas outras 13).



No ano seguinte, novamente o Sport, jogando em casa, não conseguiu bater o Santa de Birigüi. O rubro-negro possuía um time melhor no papel com Éder, Robertinho, Ribamar e Leão (técnico e goleiro), embora o Santa tivesse faturado dois turnos e chegava com a vantagem do empate. O tricolor era comandado pelo jovem Abel Braga, 34 anos na época, que viria a conquistar seu primeiro título como treinador naquele ano. De novo o goleiro do Santinha foi peça-chave para conseguir o empate (1x1) e consequentemente o bicampeonato. A imprensa o destacou também por ser um dos mais alegres pela conquista, dedicando o título à torcida. Àquela altura, a Seleção Brasileira era uma pretensão – que acabou não se concretizando.



Após o campeonato pernambucano de 88, Birigüi foi jogar em Portugal, não sem antes de ter sido eleito algumas vezes goleiro do Fantástico ao longo dos Brasileirões que disputou pelo Santa Cruz. Quem o viu atuar não hesita em chamá-lo por São Birigüi. É um desses casos raros de fidelidade a um clube e identificação com a torcida, comparável talvez ao que é hoje Rogério Ceni no São Paulo.





"O Sport procurou forçar sempre pelos flancos e esteve presente à área tricolor, mas teve no goleiro Birigüi o grande obstáculo que impediu que chegasse à tão almejada vitória. Com defesas sensacionais, que naturalmente vão colocá-lo na galeria dos grandes jogadores que fazem a história do clube, Birigüi garantiu o resultado de 0x0 que deu o título de campeão ao Santa Cruz."

Trecho do texto de Claudimir Gomes, em 86, no Diario de Pernambuco.




Agradecimentos especiais pela colaboração de Edvaldo Leite, tricolor de Paulista-PE.

Fontes: História do Brasileirão (de 1971 a 2001) da Placar; Revista Placar, Diário de Pernambuco, Tablóide Esportivo, Campeonato Pernambucano – 1971 a 2000 (Carlos Celso Cordeiro e Luciano Guedes Cordeiro), Coralnet, site Arquivos de Jogos e Fichas técnicas do Guarani (http://paginas.terra.com.br/esporte/guarani/) e site Futebol MatoGrossense(http://www.futebolmatogrossense.com.br/home/)

3 comentários:

Unknown disse...

Alô, Marcos

Aqui é Zé Neves, www.arquibancada.blog.br. Só agora estou conhecendo o seu blog, através do google, porque estava tentando obter alguma texto com a história de Mazinho, O Deus de Ébano. É o seguinte, gostaria de trocar links com você e vez por outra aproveitar algum texto histórico deste blog. E também te dou uma sugestão. No ano passado, acho que foi 3 ou 10 de setembro, publiquei no Jornal do Commercio, onde trabalhava, um perfil de Zequinha, bicampeão mundial em 62. Se você procurar no arquivo público, deve encontrar. E se quiser postar no seu blog, fique à vontade.

Parabéns pelo blog.

Meus e-mails - jncabral@bol.com.br e jncabral@arquibancada.blog.br

Unknown disse...

Decosbri este blog por acaso, mas fiquei encantado com a iniciativa. Parabéns ao projeto e a todos os idealizadores e colaboradores.

Clayton Tricolor
Carpina

Unknown disse...

Mas que um clube de futebol uma extensão do meu ser Santa querido Santa