Lula, Pedrinho, Levir, Givanildo, Carlos A. Barbosa e Jair; Fumanchu, Alfredo, Ramon, Carlos A. Rodrigues e Pio
GIVA NO SANTA
Givanildo chegou ao Santa Cruz, em maio de 68, por intermédio do publicitário Paulo Duarte. O garoto franzino trabalhava como office-boy na empresa de Paulo, que era maranhense, mas torcedor e conselheiro do tricolor. Depois de tomar conhecimento da importância que Givanildo tinha nas equipes de várzea (Portela, de Jaboatão dos Guararapes, e 10 de Novembro, de Olinda) em que atuava, Paulo Duarte, ainda desconfiado, resolveu levá-lo para o Santa.
Passado o período de testes, Givanildo custou a entrar no time principal, a rotina apenas de treinos o incomodava. Por conta disso, o Topo Gigío quase foi emprestado ao Confiança, mas Gradim, técnico do Santa Cruz, sabia o que estava fazendo ao deixa-lo esperando. Então veio um amistoso diante do Bahia, em comemoração ao quinto aniversário da “Revolução” Militar, que mudaria a perspectiva do craque. Devido a uma série de contusões na equipe, Givanildo foi titular e começou a escrever seu nome no futebol pernambucano. Com a Ilha do Retiro lotada, ele deu duas assistências e marcou um gol na vitória por 5x2, no forte time baiano. A partir daí, seu futebol passou a ser comentado nas ruas e sua presença no time titular mais comum.
No ano seguinte, com Duque no comando do Santa, passou a atuar no meio-campo, por causa do seu estilo “incansável”. No início dos anos 70, assumiu o posto de capitão, sem falar da conquista do pentacampeonato.
Em 1975, após dois anos sem conquistas, quando as críticas apareciam, veio a memorável campanha no brasileiro. Givanildo recebeu propostas de Fluminense e Vasco, no fim de 74, mas a diretoria do Santa Cruz conseguiu segura-lo para aquela que viria a ser a melhor campanha em nacionais. O início foi claudicante, então Carlos Froner deu lugar a Paulo Emílio, o técnico do pentacampeonato. A campanha teve grandes vitórias, inclusive contra os rivais, mas a partida que decidiria um semifinalista foi especial. O palco era o Maracanã e o Flamengo o adversário. Confronto que foi apimentado pela matemática da Rede Globo. No programa Fantástico, o matemático Oswaldo de Souza calculou que o Flamengo tinha 85% de chances de ser o campeão do grupo 2, enquanto o Inter tinha 35%. O Santa, que era o segundo da chave (e os dois primeiros passavam) sequer foi citado. O episódio irritou o capitão Givanildo. Resultado: Santa 3x1, classificado em primeiro, com vaga numa das semifinais do brasileiro.
O Santa agora enfrentava o Cruzeiro, em um jogo, no Arruda, com a vantagem do empate. Mas quis o destino (e o árbitro) que o Mais Querido não fosse para a final e a libertadores do ano seguinte. A derrota por 3x2, com um gol no último minuto, não apagou a belíssima campanha que Givanildo fez com o Santa. O desempenho dele era o que faltava para mostrar ao Brasil o outro Topo Gigío, não apenas o ratinho da TV.
Surgiu o interesse do Grêmio e a convocação para a Seleção. Em agosto de 76, Givanildo atuou no amistoso Santa 2x0 Benfica, que seria na verdade um “até logo” . Dias depois, o Santa vendeu seu passe para o Corinthians por CR$ 2,5 MILHÕES, além da vinda do meia Vicente para a Cobra Coral. No clube paulista, ficou o tempo suficiente para tirar o time da “fila” de 22 anos, e, porque sua filha foi atingida pela poluição paulista, decidiu voltar ao Santa por CR$ 1,5 milhões.
Com a volta de Givanildo, veio o bicampeonato pernambucano e a segunda melhor campanha do Santa em brasileiros. No ano de 78, o tricolor estabeleceu uma marca imbatível até hoje: 27 jogos sem perder no campeonato. O Santa só perdeu nas quartas, contra o Inter. Depois dessa boa exibição, houve o convite para a excursão ao Oriente Médio e à Europa, onde o Santa saiu com o título de Fita Azul do Brasil, pois foram 12 jogos e nenhuma derrota.
Givanildo participou e foi peça fundamental em alguns dos grandes feitos do Santa Cruz. A passagem pelo Mais Querido se encerra no ano de 79, já com 31 anos, e, por conta disso, sem tanta confiança da diretoria. Ele acabou se transferindo para o Fluminense e encerrou a carreira no Sport, o que não mancha de forma alguma sua brilhante carreira.
GIVA NA SELEÇÃO
Atuando fora do eixo Rio - São Paulo, Givanildo foi convocado para a Seleção Brasileiro pela primeira vez em janeiro de 76. O garoto da Vila Popular iria estar ao lado de Zico, Rivelino, Nelinho, entre outras feras, na Taça Atlântico, sob o comando de Oswaldo Brandão. Naquela época, o Santa Cruz tinha seus jogadores bastante requisitados pela seleção. Aconteceu com Levir, Carlos Alberto Rodrigues, Santos, além do goleiro Picasso que já tinha passagem pelo time do Brasil. Mais tarde foi a vez de Nunes.
No começo, Giva só fez esquentar banco. Após a Taça Atlântico, ele foi convocado novamente, agora para o Torneio Bicentenário, sendo o único nordestino na relação. Entrou no decorrer de uma partida no lugar de Falcão. A sua atuação rendeu alguns comentários. “Givanildo jogou sério e não pode sair do time”, afirmou João Saldanha. O ex-jogador Gérson também comentou: “se Brandão mantiver o volante do Inter, é porque está o protegendo”. Na final do torneio, contra a Itália, Brandão manteve Givanildo no banco de reservas. Mas, com o fraco desempenho e o empate (1x1), o técnico se viu obrigado a sacar Falcão, no intervalo. E o volante tricolor mudou a cara do jogo, dando um passe para Zico selar a vitória brasileira por 3x1. Após essa competição, Revista Placar publicou suas conclusões, com Giva na capa: “Givanildo, Gil, a certeza de que Luís Pereira é necessário, a lição de que é preciso se organizar melhor – isso foi o que Brandão tirou de mais importante desta excursão da Seleção”.
A imprensa mexicana o chamava de “El incansable Givanildo”. Cerca de 5 mil pessoas foram ao Aeroporto Internacional dos Guararapes para homenagear o craque pernambucano. O Santa aproveitou o momento. O cachê cobrado em amistoso custaria CR$ 100 mil. O ciclo de Givanildo na seleção se encerrou em fevereiro de 77, quando ele já aspirava a possibilidade de participar da Copa de 78, na Argentina. A ausência dele se deu por conta da saída de Oswaldo Brandão. O novo técnico seria Cláudio Coutinho, que tinha forte ligação com o futebol carioca. Coutinho dizia que o estilo de jogo de Givanildo não se enquadraria na sua filosofia de trabalho. Desculpa esfarrapada, já que se tratava de um jogador que se destacava pela disciplina tática.
"Com Givanildo, o jogo sai mais rápido, os toques são feitos de primeira, envolvendo o adversário, tirando-lhe tempo para pensar e defender. Sem ter medo de ficar com a bola, sem ela lhe queimar os pés, Givanildo dificilmente dá dois toques antes do passe e sempre o faz com precisão."
Análise da Revista Placar após a participação de Givanildo na seleção.
Fontes: Givanildo - uma vida de luta e virótias (Marcelo Cavalcante), Revista Placar e Campeonato Pernambucano (Carlos C. Cordeiro e Luciano Guedes Cordeiro)