domingo, 14 de outubro de 2007

Agora tentam nos calar

O ex-presidente de maior rejeição junto a torcida tricolor tenta banir um espaço na internet que conquistou e uniu os apaixonados pelo Santa Cruz.

O ex-presidente em questão é o ex-vereador José Neves, atual presidente da FBA e aliado de Romero Jatobá, outro rejetadíssimo pelos tricolores, e o espaço na internet é o influente e participativo Blog do Santinha. O argumento do "eterno" cartola é de que o intuito do Blog seria “denegrir a imagem e a moral do autor".

O Blog Os Grandes Ídolos do Santa Cruz se engaja na luta pela defesa do blog que materializou a emoção vivida nas arquibancadas do Arruda em textos.

Para saber mais acesse:
http://www.blogdosantinha.com/artigos/ex-presidente-do-santa-cruz-vai-a-justica-tentar-calar-o-blog-do-santinha/
http://www.blogdosantinha.com/eu-defendo-o-blog-do-santinha/

O cabelo de fogo - parte 1

NUNES

João Batista Nunes de Oliveira

20/05/1954, Feira de Santana (BA)

Posição: Centroavante

Clubes: Confiança (1974-75), Santa Cruz (1975-78), Fluminense (1978-79), Monterrey-MEX (1979-80), Flamengo (1980-83 e 87), Botafogo (1983-84), Náutico (1985), Boa Vista-POR (1985), Santos (1985), Atlético-MG (1986) e Volta Redonda (1987)

Títulos: Campeão Pernambucano (1976 e 85), Campeão Brasileiro (1980, 82 e 83), Campeão da Taça Libertadores da América e do Mundial Interclubes (1981), Campeão Carioca (1981), Campeão do Troféu Ramon de Carranza (1980) e Campeão Mineiro (1986)

Marcas: Artilheiro do Campenato Sergipano (1974 - 17 gols), do Pernambucano (1977 - 23 gols), do Brasileiro (1981 - 16 gols) e do Campeonato Mineiro (1986 - 26 gols). Pela Seleção Brasileira foram 13 jogos e 8 gols. Desses, 11 jogos e 7 gols como jogador do Mais Querido. Defendendo o Santa, foram mais de 84 gols, sendo 43 pelo Brasileiro em 72 jogos, de 75 a 78. Com isso, ele é o maior artilheiro do Santa Cruz em Brasileiros.

Características: Chutava forte com as duas pernas, sempre bem posicionado, raçudo, oportunista, trombador, movimentação constante, ágil, tinha boa condição física, ótimo no jogo aéreo, insistente e, acima de tudo, impetuoso. Conhecido também como o artilheiro invisível, porque surgia de repente, sem ser percebido, cara-a-cara com o goleiro.


Estréia pelo Santa: 31/07/75 - Sport 1x1 Santa Cruz
Ficha do Jogo
Competição: Campeonato Pernambucano (3° Turno).
Local: Ilha do Retiro; Juiz: Roberto Caúla.
Público: 30.097; Renda: Cr$ 412.705,00.
Gols: Ramon, Assis.
Sport: Toinho, Marcos, Pedro Basílio; Alberto e Cláudio Mineiro; Luciano, Assis Paraíba e Garcia; Miltão, Dario e Peri. Técnico: Duque.
Santa Cruz: Jair, Renato, Lima, Queiroz e Pedrinho; Carlos Alberto, Givanildo e Mazinho; Fumanchu (Nunes), Ramon e Santos (Pio). Técnico: Carlos Frôner.


Curiosidades: #Em julho de 78, Nunes foi indicado, numa pesquisa realizada pela Rede Globo e divulgada no programa Fantástico, como titular absoluto da camisa 9 do Brasil na preferência do povo.

#Atuando pelo Flamengo, na decisão do Campeonato Brasileiro de 80, contra o Atlético-MG, Nunes, no final da partida, driblou o zagueiro Silvestre e chutou, quase sem ângulo, fazendo 3 a 2 para o clube carioca. O ex-jogador criou uma história para o lance: -Eu disse para o Silvestre: olha lá o Cristo, e ele se distraiu. Por isso, eu passei por ele e fiz o gol -, brinca.


Hoje: Trabalha nas divisões de base do Flamengo.
Obs.: há registros de que Nunes tenha nascido no Sergipe, na cidade de Simão Dias, antiga Anápolis. Além disso, em vez de ter atuado no juvenil do Fluminense, de Feira de Santana, ele teria começado no Flamengo, do Sergipe.

O cabelo de fogo - parte 2

1978 - Joel Mendes, Carlos Barbosa, Givanildo, Paranhos, Pedrinho, Alfredo Santos, Fumanchu, Betinho, Nunes, Wilson Carrasco e Joãozinho.


NUNES NO SANTA

Nascido em Feira de Santana (BA), Nunes, o Cabelo de Fogo, começou a fazer gols no Fluminense baiano. Aos 14 anos, se mudou para o Rio de Janeiro e ingressou no juvenil do Flamengo, mas, ao estourar a idade de juniores, foi descartado pelos diregentes rubro-negros. No Confiança de Aracaju, o atacante se profissionalizou e o Santa, atento, logo contratou o jogador que viria a ser um dos grandes goleadores do Tricolor e o de maior projeção na história do clube em termos de Seleção Brasileira.

A estréia aconteceu num clássico das multidões, no finalzinho do Pernambucano-75, em jogo válido pelo 3° Turno. No memorável Brasileiro-75, no qual o Santa foi semifinalista, a melhor campanha de um time pernambucano na competição e a primeira vez que um nordestino chegava a tal fase, Nunes, ainda um jovem de 21 anos, teve participação discreta na campanha, marcando dois gols. A concorrência com Ramon, artilheiro do Brasileiro-73, era desleal. Ao lado de Fumanchu, Ramon foi o goleador do Santa com oito gols. O primeiro e único título do Cabelo Fogo pelo Santa seria o bissuper, em 76.

Naquele ano, as três torcidas estavam empolgadas, porque, além do Santa(4° colocado), Sport(11°) e Náutico(13°) tiveram boa participação no campeonato nacional de 75. O rubro-negro, de Dario, artilheiro do certame com 30 gols, levou o primeiro turno; o Santa, sem Ramon e Fumanchu negociados, faturou o segundo e o Náutico surpreendentemente ganhou o último turno. Antes de chegar no supercampeonato, porém, grandes goleadas, como a de 11x0 frente ao Íbis, com 7 gols de Volnei, e especialmente os 5x0 no Sport, onde Nunes marcou aos 45 segundos, justificando o apelido de "atacante invisível", marcaram a campanha do Santa. Na decisão entre os três grandes, Santa e Náutico venceram o Sport, por "apenas" 2x0 e 1x0 respectivamente. No jogo mais aguardado do campeonato, o Tricolor fez de novo 2x0 num Arruda abarrotado. Cerca de 62.711 pessoas compareceram ao Colosso, isso porque na época só existia o anel inferior e a polícia proibiu a entrada de mais torcedores. Nunes marcou o gol que abriu caminho para a vitória e nas palavras de Waldemar Carabina, técnico do Náutico, "foi um gol incrível, não havia condições dele fazer". Mesmo isolado, lutando contra dois zagueiros (Sidclei e Geraílton) num momento de pressão do timbu, ele deixou sua marca, embora nem fosse necessário, pois o Santa jogava pelo empate. Jadir, prata-da-casa, fechou o caixão. Um fato curioso é que essa conquista foi a primeira de Ênio Andrade como técnico de futebol. Nunes, por sua vez, não poupou nas promessas: viajou até Salvador para pagar promessa ao Senhor do Bonfim e depois partiu rumo a Aracaju a fim de "quitar a dívida" com Santo Antônio, enqüanto os outros jogadores mantiveram a tradição de ir ao morro da Conceição, no Recife mesmo. Ao fim do campeonato, Nunes, mesmo ausente de alguns jogos devido a uma contusão, contabilizou 14 gols em 28 jogos.


Após o Bissuper, grandes campanhas do Santa em Brasileiros marcaram a passagem de Nunes. Em todas elas, chegando muito próximo de alcançar a fase semifinal. A perfomance mais fraca (11°) do tricolor enqüanto Nunes esteve no Arruda aconteceu justamente quando todos estavam eufóricos com a conquista de mais um título estadual. No Brasileiro-76, tudo transcorria bem, o Mais Querido caminhava a passos largos em direção às semifinais, mas na última fase de grupos, o Santa não ficou entre os dois melhores que se classificavam para tal fase. No decorrer do campeonato, a ausência de Givanildo -vendido ao Corinthians -era sentida, e uma goleada sofrida contra o Inter, que viria a ser bicampeão, abalou o grupo. Nunes marcou 9 gols, mas também abriu espaço para Betinho fazer os mesmos 9 gols e ser artiheiro da equipe. Para o Brasileiro-77, o Cabelo de Fogo foi relacionado pela CBD entre aqueles que não poderiam ser vendidos para o Exterior.

Em mais um Brasileirão, a torcida confiava novamente em uma grande campanha, apesar do fracasso do time(3°) no Pernambucano-77, que teve Nunes como artilheiro, bem a frente dos demais. Na primeira fase do certame nacional, um grupo de 10 times, em que cinco passavam, com o Santa terminando em terceiro, atrás de Palmeiras e São Paulo. Destaque para as goleadas frente a Treze (6x0) e CRB (5x1), onde Nunes anotou cinco gols somando os dois jogos. Na fase seguinte, nova classificação, dessa vez em segundo lugar numa chave com cinco clubes. Chega então a última etapa de grupos, de onde só o campeão continuaria, com destino às semifinais. Além do Santa Cruz, Palmeiras, América-RJ, Desportiva-ES, Remo e Operário-MS compunham o grupo, no qual o alviverde paulista era considerado franco favorito. Eis que então, na penúltima rodada, o Palmeiras, atual líder, recebe o Santa no Pacaembu com mais de 62 mil pessoas, e vê sua chance de passar à semifinal praticamente acabar. Com um jogador a menos desde o primeiro tempo, Nunes foi expulso, mas antes já tinha marcado seu golzinho, o Santa não tomou conhecimento do Palmeiras de Jorge Mendonça e fez 3x1 com mais dois de Fumanchu, que voltara ao Santa junto com Givanildo. Enqüanto isso, no Rio, o Operário vencia o América-RJ e se transformava no principal concorrente à vaga. Na última rodada, os dois jogavam em casa, Santa x Remo e Operário x Palmeiras, o Mais Querido tinha vantagem, 8 pontos contra 7, mas, naquela época, vitória com diferença igual ou maior de dois gols valia três pontos. Jogando sem Nunes, suspenso, o Santa vencia por 2x0, resultado que lhe garantia a classificação, enqüanto que o Operário também ganhava pelo mesmo placar. No entanto, relembrando 75, quando o Santa sofreu um gol no "apagar das luzes" e viu a final do campeonato escapar entre os dedos, um gol de Mesquita, a favor do Remo, aos 43 minutos do 2° tempo, fez com que os dois terminassem empatados em pontos, com o Operário levando vantagem no saldo, dois a mais. Um fato triste, mas que não apaga mais uma campanha memorável, projetando Nunes de vez no cenário nacional. Na Bola de Prata da Placar, Lula (quarto-zagueiro), Givanildo (médio-volante) e Fumanchu (ponta-direita) ficaram em segundo, sexto e quarto, nas suas respectivas posições, além de Nunes ter sido o terceiro como centroavante.


Por fim, o Brasileiro-78, disputado no primeiro semestre, onde o Santa estabeleceu uma marca imbatível até hoje. Foram 27 jogos seguidos sem perder. A primeira derrota só veio acontecer nas quartas-de-final, para o Inter de Porto Alegre, eliminando o clube pernambucano, que ficou na quinta posição. Nunes esteve em campo em apenas 12 oportunidades, por causa da Seleção, deixando sua marca 11 vezes. Média de quase um gol por partida. Ao lado dele, Fumanchu e Joãozinho, advindo do mesmo Confiança do Cabelo de Fogo, formaram uma das melhores linha de frente de toda história do clube das multidões.
Com o fim do Brasileiro, no dia 30/08, Nunes, que foi comprado por 320 mil cruzeiros após os tricolores vencerem a concorrência de Vasco e Náutico, foi vendido junto com Luiz Fumanchu ao Fluminense por 11 milhões de cruzeiros. Assim, acabava a relação do Santa Cruz e um dos artilheiros que mais deixou saudades na torcida e que mais tarde brilharia no clube mais popular do país.

sábado, 13 de outubro de 2007

O cabelo de fogo - parte 3


NUNES NA SELEÇÃO
A menos de três meses para o ínicio da Copa-78, na Argentina, Cláudio Coutinho, técnico do escrete canarinho, divulgou a lista dos convocados para os amistosos preparativos do Mundial. Entre os 21 nomes estava Nunes. O anúncio, feito na sede da CBD (hoje CBF), às 13 horas, no ínicio de março, gerou comoção nacional e o atacante tricolor foi considerado uma surpresa. A imprensa carioca pedia Roberto (Dinamite), apesar da má fase e de ter marcado apenas 7 gols no Brasileiro. Serginho (Chulapa) era a aposta dos jornalistas paulistas, mas o atacante dependia de um julgamento decorrente da indisciplina do jogador que, ao contrário do atacante do Vasco, passava por bom momento e viria a ser campeão Brasileiro pelo São Paulo. A unanimidade era Reinaldo do Atlético-MG.


Lista anunciada, a torcida e a mídia esportiva aguardavam pelos amistosos contra combinados, clubes e seleções européias. Reinaldo era o centroavante titular, enqüanto Nunes ia entrando no decorrer dos jogos e deixando os seus golzinhos. Até que, mais uma vez substituindo Reinaldo, Nunes marcou o único tento da vitória brasileira frente a Alemanha Ocidental, atual campeã do mundo, em Hamburgo. A partir daí, o Cabelo de Fogo assumiu a posição de Reinaldo que já vinha sendo perseguido pelas constantes contusões. Nunes também deixou sua marca em amistosos contra a Internazionale, de Milão, e o Atlético, de Madri. No dia 13/05/78, a 21 dias da estréia na Copa do Mundo,num amistoso da Seleção Brasileira contra a Seleção Pernambucana, Nunes atuaria pela última vez pelo Brasil (e como jogador do Santa) antes de ser cortado.


A justificativa era médica, porém os tricolores não engolem essa história até hoje. O médico Lídio toledo (o mesmo do caso Ronaldo na Copa-98) é o acusado pela torcida. Comenta-se que ele teria apertado o gesso no tornozelo de Nunes mais do que devia. O fato é que Roberto substituiu o Cabelo de Fogo, atendendo aos apelos da imprensa carioca, já revoltada com a não convocação de Paulo César (Caju) do Botafogo. Os números, no entanto, credenciavam o atacante tricolor, que marcou no Brasileiro de 77 (com fim em março de 78) o dobro de gols do atacante vascaíno, 14x7, fechando na terceira colocação da tábua de artilheiros, atrás apenas de Reinaldo e Serginho. Na Bola de Prata da Placar, o centroavante Nunes também ficou em terceiro, novamente perdendo somente para Reinaldo e Serginho, enqüanto que Roberto foi o décimo primeiro melhor centroavante do campeonato. No fim das contas, Reinaldo não agüentou a dor nos meniscos e Roberto não o substituiu à altura. Nunes, dito pela Revista Placar "nosso melhor centroavante, sem discussão", voltava a jogar pelo Santa no dia 10/06, contra o Fluminense, já pelo Brasileiro de 78, apenas dois depois do segundo do jogo do Brasil na Copa, um empate por 0x0 diante da Espanha. Além disso, depois da eliminação brasileira da Copa que culminou no primeiro título mundial da Seleção argentinha, Cláudio Coutinho disse que o Brasil foi o campeão moral, por sair invicto, e muitos tricolores se viraram contra a Seleção. Esse é só mais um episódio mal explicado envolvendo a seleção da CBF.




"Nunes é para o Santa o que Pelé foi para o Santos."


Rodolfo Aguiar, presidente do Santa Cruz no biênio 79/80.